A pior coisa do mundo (parte 2 de 2)


Conheci Joaquim e Osvaldo há poucos meses em um grupo de apoio para pessoas com minha mesma doença terminal. Embora nós três pareçamos bem, temos poucos meses de vida.

Mesmo assim, parece que os conheço há décadas.

Joaquim esteve sumido. Quando reapareceu, veio contando sobre um culto que passou a fazer parte. Dizia muitas coisas que, na época, não faziam sentido. Nos contou conhecimentos secretos sobre uma espécie de realidade paralela que era feita por remendos de pesadelos chamada de “éter”. Agora sei que não existe forma adequada sobre como chamar esse lugar. Nos contou também um cem número de coisas que dois exploradores fizeram na tentativa de estudar esse lugar e também o mundo dos sonhos. Esses dois eram chamados só pelas iniciais “S.” e “V.”. Osvaldo ficou tão impressionado com essas histórias que decorou parágrafos daqueles delírios todos (que agora sei que são reais).

Me chamo Inácio e, para resumir, sou um sujeito prático e direto ao ponto. Infelizmente, nem toda a praticidade e bom senso do mundo me preparou para a aventura que estou relatando. Se você perguntar ao Osvaldo o que aconteceu do ponto de vista dele, tenho certeza de que este relato teria algumas páginas a mais. Mesmo assim, ele não seria digno da experiência por que passamos.


Joaquim era um sujeito caladão. Quando reapareceu, nos convidou para uma empreitada por esse “mundo místico”. Osvaldo gosta de chamar o novo culto de Joaquim de “religião”, mas não tem nada a ver. Acho que está mais para uma sociedade secreta. Joaquim queria que nós os acompanhássemos em sua jornada pessoal para assassinar uma criatura imensa chamada de “a-pior-coisa-do-mundo”. Segundo suas crenças, o éter seria povoado por vícios e desgraças humanas, personificadas em aberrações. Ele achava que destruir “a-pior-coisa-do-mundo” eliminaria o sofrimento do mundo. Deduziu que, como nós três tínhamos meses de vida, seríamos as pessoas certas para aceitar a tarefa.

Assim como você que lê este texto, eu também achava uma história difícil de engolir. Tentei de todas as formas achar uma contradição no que eu achava ser um delírio de uma mente que tinha dificuldades de aceitar o fim iminente. Mas Joaquim nos convenceu a visitar o porão de seu culto para nos mostrar uma coisa horrível que me daria vontade de vomitar só de lembrar, exceto por ter visto coisas muito piores, como essa tal pior-coisa-do-mundo. Era um homem que quase dava para chamar de gigante (tinha pouco menos de dois metros e era muito forte) que tinha uma maldita cabeça de cavalo. Segundo Joaquim, aquilo foi conjurado durante o culto e atacou um homem. Quando o vimos, já estava morrendo.

Não sei de onde Osvaldo tirou a ideia de que eu havia consentido em ele falar por mim para aceitar aquela viagem ao desconhecido. Mas depois que ele disse “Joaquim, nos leve a esse ‘éter’ e nos mostre a tal ‘pior-coisa-do-mundo’ que estes amigos moribundos teus te ajudarão a livrar o mundo dela!!!” não me adiantei em negar. Me pareceu um daqueles momentos anti-clímax em que é melhor a gente ficar quieto. A verdade é que mesmo vendo aquela coisa deitada na nossa frente, nunca pensei que aquela viagem fosse mesmo dar em algum lugar. Aliás, até hoje Osvaldo pensa que eu realmente consenti com a cabeça quando questionado. Acho que se eu não tivesse bebido tanto teria mais força de espírito para rejeitar aquela sandice.

Joaquim nos deu uma pá e encheu umas mochilas velhas com algumas provisões e também com alguma tralha tipo “ocus-pocus”. Tirou um pedaço do assoalho do chão que revelou uma espécie de “porão do porão” que também funcionava como fundação da casa. Havia um grande buraco que ele já tinha começado a cavar. Cabia uns 3 homens lá. Haviam alguns rabiscos de giz envolta dele e ele se pôs a falar. Ele não parecia nem um pouco bêbado e levava consigo muita coisa para escrever e alguns livros. Começou então a nos advertir sobre um monte de coisas que eu não prestei muita atenção. A única de que me lembro era que aquela não era a única forma de se chegar àquele inferno deles, mas que era a mais segura. As outras envolviam o uso de drogas pesadíssimas e que, por nós não sermos habituados àquilo, nem ter o domínio adequado do sonho lúcido, eram muito perigosas.

Cavamos um tempo. Acho que uma hora. A cada cinco braçadas, Joaquim fazia rabiscos em seus cadernos e desenhava semicírculos por trás de nós com giz - espantosamente perfeitas - à mão livre. Ele anotava alguns números e consultava muito o relógio. Quando completou a hora a que me referia, olhei para o começo do túnel e vi que ele estava sobrenaturalmente longo! Não era possível termos cavado tanto. Não cavávamos só para baixo, cavávamos para baixo e para frente. Com o auxílio de uma bússola estranha, que certamente não era só uma bússola, Joaquim nos guiava sobre que ângulo cavar. A certa altura, colidimos com uma parede lisa. Ele nos mandou parar e nos instruiu a fazer a primeira esquisitice da viagem: era para passarmos talco e pó de café em nossas têmporas, na testa, na jugular, nas axilas e nas partes íntimas. Disse-nos isso e nos inquiriu umas dez vezes se fizemos mesmo. Disse que era para disfarçar nossa presença para as abominações daquele mundo.

Então, com os cabos das inchadas invertidas, batemos contra a parede lisa e a quebramos muito facilmente. Era como se quebrássemos um ovo de páscoa gigante. Ainda antes de entrar, Joaquim insistiu que devíamos fechar os olhos e entrar com eles assim. Também a pedido dele que demos as mãos e entramos todos juntos. Depois de entrar, pediu a Osvaldo que lesse as horas. “Duas da manhã”, ele respondeu. Em seguida todos nós abrimos os olhos. “Não ficamos tanto tempo cavando assim!” Joaquim me explicou que, no éter, sempre é duas da manhã e aquela era a forma mais adequada para se saber se chegamos.

Estávamos num túnel escuro e dava para perceber que todo ele era polido. Dei um tapinha na parede e notei que ela não era tão fina como a que entramos. Eu estava confuso. Permanecemos parados enquanto Joaquim mexia na mochila. Ele tirava três pranchetas com papel e caneta. Nos fez responder algumas perguntas bobas e, então, trocamos de prancheta. Era para saber se não tínhamos “pirado da batatinha”. Então, em determinado intervalo de tempo, fazíamos aquelas perguntas e conferíamos as respostas, como os mergulhadores fazem. As perguntas eram tipo “qual é o nome da sua mãe” e “qual é o seu nome”.

Era bizarro você notar um túnel polido perfeito atravessando um buraco que você mesmo cavou. Minha cabeça girava. Joaquim dizia que era normal, mas ficava repetindo nosso nome de um jeito incômodo sempre que dirigia a voz para você. Parecia que tentava fazer um cachorro aprender o próprio nome, mas acho que fazia parte dos exames para perceber se você ainda estava lúcido.

Andamos alguns metros e viramos à esquerda. Perdi o fôlego quando avistei a primeira imagem onírica da viagem: um corredor imenso, de paredes arredondadas, cruzando o nosso e seguindo em um horizonte misterioso e sinistro, de onde emanava uma luz esverdeada. A direção que esse corredor tomava também era curva.
Não precisávamos mais de lanternas, dava para ver muita coisa. As paredes estavam repletas de desenhos e escritas estranhas. Haviam passagens desenhadas, principalmente no teto, que lembravam ilustrações muito antigas que só vemos em cartas de tarô. E cada ilustração era imensa. Dava até medo de olhar para elas porque, por estar tão altas e ser tão grandes, ficavam mais escurecidas porque não conseguiam ser plenamente atingidas pela luz e pareciam ainda mais sinistras.

Joaquim não tardou em nos mandar parar e repassar as perguntas do questionário. Osvaldo estava eufórico! Acho que por isso seu questionário foi repassado duas vezes. Joaquim fez uma advertência que me fez esquecer por um instante de que sou um adulto (porque me deu medo). Ele sussurrava as palavras e o fazia com uma urgência um pouco desmedida (porque não tinha ninguém ali!). Dizia que a gente não devia se apegar àquele lugar. Não éramos naturais dali e, portanto, não deveríamos achar que aquilo era real. Que aquele era o caminho mais rápido para perder a razão. Nos fez repetir mais de uma vez que era para seguir rigorosamente o que ele nos pedia e começou a palestrar sobre como o éter é construído a partir de pesadelos aleatórios.

Enfim, seguimos em direção à luz esverdeada.

Foi Osvaldo quem comentou que o corredor se parecia com um templo e que as gravuras podiam estar contando uma história. Joaquim só resmungava que não era para a gente ficar estudando esses detalhes, porque eram fragmentos de pesadelos. E, como tal, são dissimulados e só servem ao propósito de prender quem os protagoniza e os torturar. Aquela advertência tornou tudo muito mais atraente e foi aí que comecei a prestar atenção nelas. Ficavam cada vez mais elaboradas e bem feitas. Comecei a reconhecer fotos antigas, num primor artístico de tirar o chapéu. Aos poucos, elas foram ficando cada vez mais parecidas até conter um único semblante de um menino triste olhando para frente.

Comecei a ficar com medo. As ilustrações eram imensas. Foram feitas para fazer você se sentir oprimido. De repente, parecia que o menino estava olhando para mim. E só para mim. E seu semblante de tristeza ganhava um sorriso oculto de malícia, parecido com o que tem a Mona Lisa. Como se ele soubesse de uma coisa que eu não sei. Todo mundo estava vislumbrado com todo o cenário, mas ninguém falava nada. Comecei a temer que era só eu quem estava vendo aquelas coisas e comecei a torcer para que Osvaldo tecesse algum comentário a respeito para que eu não fosse o primeiro. Mas Osvaldo não falava nada.

Olhei para trás. Cara... estava muito escuro! Como a escuridão podia comer tão rápido aquela luz esverdeada? Não podia! Aquilo não era normal! E, de repente, assustei todo mundo – e a mim também – dando um chilique daqueles!... Vi que três daqueles homens com cabeça de cavalo nos seguiam calmamente e, de repente, se cobriram na escuridão para fugir na minha vista.

Joaquim imediatamente lançou a lanterna naquela direção e, como adoram as assombrações, nada se viu. Eu estava em pânico e soando muito. Fiquei com muita vontade de desmaiar e falta de ar. Assustei muito a ele que me colocou sentado (quase me atirando ao chão), examinou minhas pupilas e me deu água. Depois, pegou o giz, fez seus “semi-círculos-bizarramente-perfeitinhos-feitos-à-mão-livre-sem-a-ajuda-de-nada” em minha volta, me fez trocar de camisa e me deu mais um banho de talco e pó de café. Depois, pediu minha prancheta que estava com Osvaldo e repassou o questionário.

Eu estava mais calmo e, como tal, morria de vergonha de ser o elo fraco da corrente. Mas comecei a perder a calma à medida que aquelas perguntas repetiram umas cinco vezes! Vi o rosto de Osvaldo perder totalmente a cor em uma dessas rodadas o que me deixou com mais medo. No final, quando notei que o pânico abandonava o rosto de meus amigos, ainda me mandaram responder umas contas de matemática bem infantis.

Parece que errei muitas vezes as primeiras perguntas do questionário. Não quiseram me dizer o que foi que respondi. – Até hoje Osvaldo se recusa a comentar minhas primeiras respostas.

Quando nos recobramos do susto, passamos por uma galeria repleta de estátuas e quadros. As imagens nas paredes e teto voltavam a ser parecidas com as do tarô (e parei de prestar atenção a elas). As estátuas, em sua maioria, eram estranhas carrancas. Mesmo evitando ao máximo, dei uma olhada neles, depois que o próprio Joaquim notou que eram todas repetidas. Joaquim notou que todos os quadros eram “Independência ou Morte” de Pedro Américo. Eu já vi esse quadro no Museu do Ipiranga uma vez, porque passei a morar perto. Osvaldo fez uma observação de que seu pai tinha uma cópia na casa dele. Então, sobre uma plataforma elevada vimos um busto e embaixo estava escrito “ao homem mais avarento do mundo”. Ouvi um grito de Osvaldo vindo atrás de mim “É MEU PAI!!!”.

Joaquim teve uma reação ágil e inusitada: veio correndo e saltou sobre Osvaldo e lhe cobriu o os olhos, obrigando que tapasse os ouvidos. Ele sabia que o lugar conspirava para acabar com a gente.

Fiquei um pouco afastado, não tinha me recuperado do susto que sofrera e tinha medo de ver algo que não quisesse. Vi Joaquim sussurrar um monte de coisas no ouvido dele e assumir uma expressão muito tensa. Olhei de volta para o busto e não vi mais o busto de um homem. Mas o rosto esculpido do mesmo menino que estava nas imagens colossais que via anteriormente e estava coberto de chagas e feridas. Enchi-me de coragem e lancei o cabo da enxada que ainda trazia conosco no busto, o deslocando de seu descanso e o estilhaçando em milhares de pedaços no chão. No mesmo instante, ouvimos um grito estridente do caminho de onde vimos e depois mais nada. Senti que estávamos em uma calmaria, mesmo em meio às trevas. Joaquim repetiu o mesmo questionário com Osvaldo que passou sem problemas.

Prosseguimos alguns passos pela galeria e nos mantivemos em silêncio. Acho que, no íntimo de cada um, nos arrependíamos naquela viagem. Joaquim de ter nos convidado e nós de ter aceitado. Joaquim, que ia a frente, fazia letras e números estranhos no chão. E, à medida que avançávamos, mais itens estranhos preenchiam a galeria. O quadro da Independência do Brasil não se repetia mais desde que eu quebrara o busto. Mas agora as esculturas traziam de tudo: eram fuscas estraçalhados em algum acidente, eram manequins de modelos de passarela com cortes transversais e vítimas de tortura no momento de maior agonia. Havia também figuras horrendas de tortura sexual, todas devidamente etiquetadas. A pesar de nosso silêncio, Joaquim repetia sem olhar para nós que não devíamos deter nosso olhar para essas coisas para não pendermos para a loucura novamente.

De repente, Joaquim escreveu alguma coisa no chão e parou, esperando alguma coisa. Ele se sentou e ficou olhando para sua psedo-bússula. Às vezes, apagava alguma coisa e trocava por outra. Então, se virou abruptamente para a direita e aguardou. Havia um arco naquela direção, de onde parecia partir outros corredores menores. E ouvi o choro mais terrível que já ouvi.

Avistamos uma coisa tenebrosa de pouco mais de dois metros. Era uma criatura formada por um amontoado de carne e músculos de onde saiam dois corpos em “V”. Um deles era um homem e o outro uma mulher. Tinha duas pernas prodigiosamente fortes, mas seus músculos estavam todos errados. Era um show de desproporção. Aquilo andava carregando um bebê. E era um bebê lindo, humano, perfeito.

A criatura chorava um choro quase tão horrendo como ela. Começava com um coro das duas cabeças dissonantes, mas às vezes, atingiam a ressonância e parecia uma sirene urgente e triste. E abriam muito a boca para chorar. Pessoas comuns teriam que quebrar seus maxilares para reproduzir a elasticidade que atingiam.

Acompanhamos de longe a criatura cruzar o corredor. Ambos ficamos com medo de questionar Joaquim. Acho que foi ele quem provocou aquilo. Mas aquilo não estava em nosso encalço. Seguia seu próprio caminho.

Joaquim se borrifou da mistura talco-café e fizemos o mesmo. Depois, tocou nosso braço sem falar nada para subirmos por outro arco oposto àquele por onde seguia a besta. Só que, nesse, havia uma escada. Cada degrau devia ter sido projetado para as proporções da criatura, já que cada degrau era muito alto. Subimos um colosso deles até atingir um peitoral.

Olhei para baixo. “Não podíamos ter subido tanto!” Nossa, como estávamos alto! E avistamos aquela mesma besta carregando seu bebê se juntando a uma horda imensa de outras carregando seus bebês lindos e rosados. Havia milhares! E todas choravam aquele choro terrível.

Nos adiantamos para um outro peitoral que estava há uns 20 metros de distância e parecia que dava destaque para alguma coisa.

Havia um abismo imenso! Acho que tinha quilômetros de largura! Era tão fundo e largo que você se sentia atraído a ele. Dava vontade de se jogar nele, sério! Você podia sentir uma corrente de ar bem leve passar por você e fazer uma curva sobrenatural para se dirigir para sua garganta.

Vi uma fileira daquelas coisas chorando se posicionando a beira do abismo. Havia, em destaque, uma mulher normal sentada chorando muito, desconsolada. De repente, senti que alguma coisa terrível vivia no fundo do abismo e que estava para surgir.

Uma cabeça titânica quase do tamanho do abismo emergiu. Apresentava correntes e arames farpados presos em feridas que impediam que ela saísse totalmente. Estava tomada de feridas abertas e cicatrizes. Não apresentava cabelos, mas era parcialmente barbada. Era uma cabeça masculina, doente e obesa. Lembro-me que um dos olhos não se abria totalmente, parecia cego.

O semblante mudava o tempo todo. Mostrava raiva, soberba, alegria, zombaria e arrependimento. Depois, repetia todas novamente.

As criaturas que carregavam os bebês começaram a atirá-los no precipício que eram devorados pela cabeça titânica que, agora, parecia ter orgasmos. E eu soube naquela hora que olhava para “a-pior-coisa-do-mundo”.

Joaquim olhou muito sério para nós e pediu que nos sentássemos um momento, sem ter a visão daquilo. E nos lembrou do que disse “V.” em um de seus livros, sobre como algumas criaturas do éter representam vícios de nosso mundo. Começou uma despedida estranha, dizendo que já tínhamos contribuído com o que ele precisava para chegar até lá e que lhe cabia agora acabar com a criatura.

Nenhum de nós – acho que nem ele – acreditava mesmo que fosse páreo para uma coisa daquele tamanho. Ainda que fosse, eu não saberia nem por onde começar... Era tão grande que parecia se mover em câmera-lenta de tão colossal. Vi que Joaquim prendia alguns itens místicos na cintura e uma espécie de faca.

Nos entregou um vidro de terra e nos explicou que era terra que cavamos no começo de nossa viagem. Explicou que, para voltarmos, era só quebrar o vidro e cheirar bem forte seu cheiro. Por ser uma coisa genuinamente real, voltaríamos.

É claro que questionamos dezenas de vezes se era preciso seu sacrifício. Ele repassou inúmeras vezes sobre nosso infortúnio que iria nos matar em meses. Sentia-se sozinho depois que perdeu a esposa e não podia nem mais um minuto continuar a viver. Disse que tinha sido um mau marido em sua vida e que havia prometido isso à esposa em seu leito de morte.

Nos fez prometer que quebraríamos o vidro para sairmos logo e deixá-lo ali. Antes de obedecer, dei mais uma olhada no abismo para vislumbrar “a-pior-coisa-do-mundo“ e finalmente entendi aquela alegoria sobre a personificação dos vícios do mundo que algumas criaturas do éter representariam. Por que ali, devorando os bebês que eram atirados pelas criaturas, identifiquei muito claramente uma porção deles: o machismo, o autoritarismo, a escravidão, a exploração infantil e a nostalgia, só para citar alguns.

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