O Quarto das Galinhas


Decidimos invadir o quarto de Floriano e mexer em suas coisas. Queríamos achar seus feitiços mais inofensivos e testá-los para ter uma ideia de até onde tinha chegado. Infelizmente, o homem era um poço de desorganização e não era fácil se achar naquele monte de pilhas de papeis velhos e tubos vazios de Pronofol.

Um de nós nos alertou para decorar - e se possível fotografar - todas as posições onde a pilha estava, a fim de manter imperceptível nosso atrevimento. Mas eu não tive paciência e recorri a uma pilha mais discreta que jazia sobre uma cadeira. Havia alguns desenhos geométricos que logo identifiquei replicados com giz no chão de madeira. Me adiantei até lá com o mesmo papel e localizei o desenho no piso. Partindo do pressuposto que fazia corretamente, dei três voltas no sentido anti-horário, como sugeriam aquelas anotações difíceis de entender.

Outros de nós testavam outros sortilégios. Alguns misturavam compostos, outros copiavam rabiscos e alguns até cantavam. Acho que a maioria desses feitiços estava incompleta, mas pelo menos um só precisava ser executado. Não sei bem qual de nós foi o felizardo, mas de repente a luz se apagou.

Marionete


Vou tentar começar sendo direto: esta é mais uma daquelas histórias a cerca das páginas nefastas do Livro da Loucura.

E também é uma daquelas em que dou pistas de que o psiquiatra Dr Floriano está planejando construir uma máquina para materializar o livro. Recordo: o livro só existe nos sonhos das pessoas. Basta saber onde procurar. É mesmo impressionante... se você conseguir ter um sonho lúcido e seguir as instruções, fatalmente achará o mesmo livro com as mesmas descrições. Mas é um livro perigoso, assustador e, sobretudo, obtuso. Mas não pretendo escrever sobre ele novamente, até porque não "li" tanto como você pode imaginar (entre aspas, porque não se pode exatamente ler num sonho, só que o livro não apresenta exatamente o tipo de escrita que você está acostumado a ler). Por isso, só me atrevi a ler partes do Capítulo 1 e do Capítulo 3, para nunca mais ler. Já escrevi sobre eles e, quem tiver boa memória, me dará razão para ser assim.

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