Decidimos invadir o quarto de Floriano e mexer em suas coisas. Queríamos
achar seus feitiços mais inofensivos e testá-los para ter uma ideia de até onde
tinha chegado. Infelizmente, o homem era um poço de desorganização e não era
fácil se achar naquele monte de pilhas de papeis velhos e tubos vazios de
Pronofol.
Um de nós nos alertou para decorar - e se possível fotografar - todas as
posições onde a pilha estava, a fim de manter imperceptível nosso atrevimento.
Mas eu não tive paciência e recorri a uma pilha mais discreta que jazia sobre
uma cadeira. Havia alguns desenhos geométricos que logo identifiquei replicados
com giz no chão de madeira. Me adiantei até lá com o mesmo papel e localizei o
desenho no piso. Partindo do pressuposto que fazia corretamente, dei três
voltas no sentido anti-horário, como sugeriam aquelas anotações difíceis de
entender.
Outros de nós testavam outros sortilégios. Alguns misturavam compostos,
outros copiavam rabiscos e alguns até cantavam. Acho que a maioria desses
feitiços estava incompleta, mas pelo menos um só precisava ser executado. Não
sei bem qual de nós foi o felizardo, mas de repente a luz se apagou.