Conheci Joaquim e Osvaldo há poucos meses em um grupo de
apoio para pessoas com minha mesma doença terminal. Embora nós três pareçamos
bem, temos poucos meses de vida.
Mesmo assim, parece que os conheço há décadas.
Joaquim esteve sumido. Quando reapareceu, veio contando
sobre um culto que passou a fazer parte. Dizia muitas coisas que, na época, não
faziam sentido. Nos contou conhecimentos secretos sobre uma espécie de
realidade paralela que era feita por remendos de pesadelos chamada de “éter”. Agora
sei que não existe forma adequada sobre como chamar esse lugar. Nos contou
também um cem número de coisas que dois exploradores fizeram na tentativa de
estudar esse lugar e também o mundo dos sonhos. Esses dois eram chamados só
pelas iniciais “S.” e “V.”. Osvaldo ficou tão impressionado com essas histórias
que decorou parágrafos daqueles delírios todos (que agora sei que são reais).
Me chamo Inácio e, para resumir, sou um sujeito prático e
direto ao ponto. Infelizmente, nem toda a praticidade e bom senso do mundo me
preparou para a aventura que estou relatando. Se você perguntar ao Osvaldo o
que aconteceu do ponto de vista dele, tenho certeza de que este relato teria
algumas páginas a mais. Mesmo assim, ele não seria digno da experiência por que
passamos.