Sem Olhar Para Trás

Sem Olhar Para Trás

Acho compreensivo ser julgado pelas pessoas que estão de fora e analisam a situação como quem vê o final de uma novela de TV. Acho até aceitável que muita gente queira acabar comigo ou fingir que não existo. Mas não aceito que gente instruída como vocês me atirem pedras, como se não soubessem com o que nós estávamos lidando.

Aceito até que me chamem de covarde ante as circunstâncias. Mas não vou aceitar jamais que me chamem de mentiroso quando dão a entender que deturbo os fatos em benefício próprio.

Descemos as cavernas até bem fundo, onde sabíamos ser mais ou menos onde ela morava. Acho que ficamos descendo no escuro por pelo menos uma hora e meia...  Avançamos até onde a luz podia alcançar e seguimos todas as instruções de prosseguir para além do bolsão de vácuo. Muitos, dos poucos audaciosos que se aventuram nessa descida, desistem nesse ponto porque é quase impossível respirar.

O caminho é muito difícil. Você vive descendo. Tem tantos caminhos estreitos que, se você parar para pensar na volta, não completa a ida. Em certo ponto, as coisas que lembram vida desaparecem. Nem insetos, nem água você acha. É preciso mesmo estar muito determinado para prosseguir até o fim. Até as estalactites assumem formas soturnas e a sombra que projetavam através das lanternas que Alessandra e eu carregávamos formavam curiosas formas monstruosas e parecia algum tipo de aviso.

"Sim"

"Sim"

Aconteceu em uma chácara abandonada na periferia do Sobral. Já ouvi muitas histórias sobre esse lugar. Dizem que a cidade cresceu em volta da Universidade em que estudo. Sobral é ainda é bem interiorana. Este é meu primeiro ano.

Os alunos veteranos decidiram dar uma festa de boas vindas nessa chácara. E é por isso que estou contando essa história. Eu não conhecia ninguém. Fui mais mesmo para fazer amizades. Mas não fiz nenhuma.

Não sei se foi porque fiquei muito impressionado com uma história que ouvi falar quando me mudei para Sobral... era uma lenda absurda sobre uma tropa do exército brasileiro  que tinha feito uma experiência macabra com uma fazenda da cidade... diziam que, durante a revolução, um comandante de uma tropa ficou tão insatisfeito com a recusa do dono da fazenda em abrigar seus soldados que, quando a guerra tinha acabado, voltou para se vingar em segredo. Diziam que ficaram pelo menos 1 ano mantendo-a sitiada como refém. Abusavam das mulheres e filhas dos fazendeiros e colonos, matavam os jovens e misturavam à alfafa dos cavalos a carne triturada deles, aos poucos, para tornar os cavalos carnívoros.

A Equação do Zero

Reza a lenda, entre alguns catedráticos no estudo avançado de física da Universidade do Sobral, que existe uma equação capaz de responder a tudo o que se desconhece sobre a natureza. Não apenas às inconsistências que enchem a mente dos pesquisadores, mas também a todo o tormento que aflige a alma humana. Capaz de decifrar o sofrimento, capaz de equacionar o amor, de prever tragédias, tendências de comportamento, prever o futuro, descobrir o passado, enganar a morte e explicar a síntese da existência. Seria o elo que falta na explicação de tudo o que existe e do que não existe também.
A equação seria capaz de unificar todos os conceitos, teorias filosóficas e de todos os conjuntos matemáticos, independente de contextos. Abordaria basicamente o estudo do zero e do caos.

Chamam-na de "A Equação do Zero". Surgiu de uma especulação sobre um fragmento de um manuscrito do século XII que teria sido encontrado. Pertenceria ao célebre matemático indiano Báskara II, que elaborou a fórmula que leva o seu nome, decifrou o enigma da divisão por zero, entre outros. Contudo, a existência do fragmento nunca foi comprovada.

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