Primeira Materialização do Livro da Loucura

Universidade do Sobral, 17 de Janeiro de 2011

Depois que montei e liguei a pequena e desproporcional máquina de pêndolos a partir das cartas que encontrei do Dr Floriano, um misterioso eclipse no meio do dia aconteceu, engolindo totalmente o sol e desenhando uma inconsistente aurora boreal nos céus de Sobral que muita gente acha até hoje que era de sangue. Muitos eventos menores aconteceram de forma isolada. E, a despeito de minhas advertências, o Departamento de Estudos Avançados da Alma achou por bem tocar o estudo adiante, sobre o pretexto de descobrir mais sobre a máquina antes que Floriano o fizesse e a usasse, só que em escala e potência originais.

Euforia

- “Euforia”, ele disse.

Ouvi atônito ao diagnóstico dado pelo Dr Floriano sobre o mal que afligia meu sobrinho. Poderia mesmo ser?!? (Assim tão jovem...) Aquele grande mal que consumiria os últimos dias de meu avô?!?

Lembro dos seus últimos dias... dos tiques e de todas aquelas manias absurdas de colecionar coisas. Anotar tudo, catalogar, até formar aquele emaranhado intrincado de fatos, coisas, cores e sabores e consumi-lo totalmente em um mundo só dele de total e absoluta loucura...

Com meu sobrinho começou rápida a obsessão. Ele, pequeno, só oito anos... Desenvolveu uma mania de levar para o quarto uma colher de pó de café, sempre que flagrava a mãe a prepará-lo. No começo achavam bonitinho, depois ficou metódico, sinistro, taciturno...


A Lenda de Nonomon

As pessoas que nasceram em Sobral guardam alguns hábitos engraçados. A cidade está crescendo e vem muita gente de fora, mas com poucos minutos de conversa é fácil distinguir um nativo Sobralense de uma pessoa que veio de fora.

Um dos mais divertidos é o costume que as pessoas têm de bater na boca e dizer “Nonomon“, levantando os olhos para baixo, a cada vez que se diz uma palavra que tenha alguma relação com morte.

A explicação para esse costume está em uma lenda urbana da região: a da Criatura Nonomon. Existe um cem número de variações para a história, mas, em geral, todas tratam de um ser hominídeo de três metros de altura, esguio, sem pelos no corpo, com uma pele muito fina e com um “X“ no lugar do rosto. Ele habitaria o porão de toda casa que tenha piso de madeira.

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