Não é de hoje que concordo com muita coisa que Nonomon pensa dos homens.
Mas a última conversa que tivemos mostrou que não sei nada sobre a natureza que
realmente controla nossos instintos e que é responsável pela nossa felicidade
ou nossa desgraça. A jornada do homem poderia ser magnífica, não fossem os
preconceitos herdados e todas as ideias sem fundamento que são perpetuadas das
gerações anteriores. Agora sei que essa sina é plantada propositalmente por uma
força terrível que me atrai de forma fatal, como a todo ser humano de forma
absolutamente subliminar.
Eu estive domingo passado visitando meu amigo Nonomon. Mesmo não sendo
humano, ele entende de muita coisa.
Meu amigo Nonomon é bastante antigo. Começou sua existência perto das
montanhas das lágrimas, em um dos muitos abismos que existem por lá, muito
antes que o primeiro homem tivesse a ideia de riscar seus dois pauzinhos para
ver o que acontecia.
Nonomon viveu muitas eras. Esteve presente quando se formaram os anéis
de Saturno, presenciou os primeiros passinhos da Via Láctea, viu Nero colocar
fogo em Roma. Esteve aqui como observador quando os Reis Magos perseguiam sua
tão famosa estrela e também em muitas outras ocasiões, de forma incauta na
maioria delas.